quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A música como transmissão de dados

Sou da época em que música era simplesmente tocada, gravada e reproduzida. Alguns poucos e pré-históricos meios haviam para a mesma atingir nossa cinzenta HD - o discão de vinil, as fitas cassetes, o bom e velho rádio, os shows. E demoravam bem mais tempo pra lá chegar. Hoje tudo mudou e começo a me convencer que para melhor.

Essa semana no Reino Unido foi divulgado que músicas transmitidas por serviços de streaming como o Spotify vão ser incluídas e computadas pela primeira vez nos charts por lá. E lógico, isso trará uma imensa mudança nos mesmos. E quer saber, da perspectiva do artista novo, aquele que atinge o público jovem consumidor de toda e qualquer tecnologia atualmente disponível, isso é muito bom. Em países de primeiro mundo onde tais serviços são consumidos regularmente e na maioria dos casos se pagando para tanto, bandas e artistas ganham com os magros mais sempre bem-vindos royalties, com shows de vindouras turnês, e com mais exposição a medida que seu nome e sua música estiver melhor ranqueada.

 Spotify

A Billboard norte-americana já havia antecipado tal tendência ao anunciar, no ano passado, que estaria incorporando os acessos ao Youtube em alguns de seus charts. Mas os números britânicos é que são assombrosos: só em 2013, os serviços disponíveis nas terras da rainha computaram um total de 103 milhões de libras arrecadadas em mais ou menos 7 bilhões de streamings. O atual número 1 da parada britânica, o pop dançante "Rather Be" dos eletrônicos Clean Bandit, se tornou o single mais baixado no Spotify no período de uma semana - foram mais de um milhão de streamings pagos e o mesmo foi escutado mais de três milhões de vezes desde que disponibilizado no serviço. São números nunca imaginados que estão se tornando ordinariamente regulares na indústria da música atual.



Há nem tanto tempo assim isso seria difícil de se imaginar ou conceber. Na época do vinilzão, os álbuns demoravam as vezes um ano ou mais pra chegarem em nossas prateleiras. Conhecer ou ver como era sua banda preferida mais ainda. Lembro dos áureos anos do hard rock, em meados dos 80, quando amigos chegavam da America com fitas de vídeo gravadas com a progamação da MTV yankee, nos trazendo as últimas novidades do rock e do metal. Programas clássicos da televisão brasileira, como o "Rock Concert" na Globo e alguns especias nas redes Manchete e Bandeirantes nos ajudavam a saciar nossa sede. Hoje, no máximos em dois cliques, já vemos e ouvimos os novos lançamentos de nossas bandas e artistas preferidos.
E atire a primeira pedra quem nunca baixou sequer uma musiquinha, mesmo os mais puristas da minha geração. Através dos tais downloads, ilegais ou não, conheci muita coisa boa, artistas novos e antigos, que talvez eu nunca teria acesso. O mundo mudou e a indústria musical também.
Como dizia o velho deitado, "se não pode com eles, junte-se a eles" ...não é?

Fita original VHS Iron Maiden-Behind the Iron Curtain


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O "cabeludo" à frente do Hard and Heavy no Stonehenge

"Quando o Léo "enciclopédia do hard rock" Santos sugeriu este post, achei mais que válido e excelente a idéia! Gus Monsanto é não só um dos maiores vocalistas do hard rock mundial, mas também um cara humilde, prestativo, sempre disposto a chegar em qualquer lugar e se divertir - o que pra este que vos escreve traduz a essência do rock. Quando o nosso sempre titular Jacques Dinelli não pode estar conosco, nosso primeiro pensamento é o Gus. É sempre um privilégio dividir o palco com ele e tenho certeza, uma honra para todos nós da banda Hard and Heavy".  Fernando Pazzini


Por Leonardo Santos

Apesar de toda minha preguiça no horário, provavelmente advinda de uma idade já avançada, no domingão a tarde lá estava eu na casa de shows Stonehenge, em Belo Horizonte, para assistir a um show da banda Hard and Heavy, da qual faz parte o ilustre fundador do Musicabillia: Pazzini em pessoa. Logo após o show da banda Lurex, o Hard and Heavy sobe ao palco e logo começam um burburinho quando as pessoas se perguntavam quem era o tal "cabeludo" com o microfone no lugar do verborrágico Jacques Dinelli

Usando uma camiseta da banda Eden´s Curse (a banda é boa, seu infiel!) Gustavo Monsanto, mais conhecido como Gus Monsanto, para minha surpresa, se mostrou um ilustre desconhecido de boa parte do público presente. E minha surpresa se deve ao fato de que a lista de trabalhos de Monsanto é grande, enorme! 

Foto: Paula Mordente


Nascido em Petrópolis, Gus desenvolveu uma ligação especial com Belo Horizonte quando morou na cidade em 1997 para fazer parte da banda Overdose, que teve como integrante original (de novo!) o baixista Fernando Pazzini. Vocalista a mais de 20 anos, Monsanto possui uma lista extensa de trabalhos, dentre eles o álbum Dominate, com a banda francesa Adagiosubstituiu o fantástico Jeff Scott Soto na banda Takara no álbum Invitation to Forever e gravou dois álbuns como vocalista do Revolution Reinassance, com o  guitarrista Timo Tolkki (Stratovarius). 

Olhando só os últimos dois anos, como vocalista principal, Monsanto gravou o álbum Precession, com a banda brasileira Symbolica, Dark Skies Over Babylon com o Code of Silence, banda produzida por Paul Logue, baixista do Eden´s Curse (viu como a camiseta faz sentido?), e ainda Raided Land com o Human Fortress, banda produzida pelo excelente Michael Bormann, vocalista do Silent Force e Jaded Heart. Isso sem contar vários trabalhos de produção, vocais de apoio, aulas no programa TV Cifras e shows com várias bandas cover do Rio de Janeiro. Pode parecer demais, mas fato é que hoje em dia, a menos que você faça parte de alguma super banda do mainstream, para viver de música é preciso mesmo trabalhar bastante. Aquela história que você viu em algum filme, de entrar para uma banda, se tornar milionário e viver cercado por glamour e mulheres é para bem poucos, meu amigo. Mesmo na Europa, é comum músicos de bandas de médio porte participarem de vários trabalhos em um mesmo ano ou mesmo ter outra profissão além da música.


Então você, leitor do Musicabillia, mancebo que gosta de hard rock e heavy metal, sem nenhum exagero, pode se considerar privilegiado por ter a oportunidade de ver ali no quintal da sua casa um "frontman" com trabalho reconhecido no mundo inteiro. Sugiro, também, fortemente, que acesse a página http://www.gusmonsanto.com e conheça um pouco mais um dos maiores vocalistas brasileiros de hard rock e heavy metal da atualidade (Hard and Heavy, sacou?). Assim, na próxima oportunidade, não vai ficar ali se perguntando quem é o tal "cabeludo" e tenho certeza que vai fazer questão de aproveitar um pouco mais o show!

Foto: Paula Mordente